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PREMATURIDADE
Hoje vou dedicar um texto para falar sobre prematuridade. Definimos prematuro (ou pré termo) o bebê que nasce com menos de 37 semanas de idade gestacional. A avaliação da idade gestacional pode ser feita de 3 maneiras principais: calculando-se a partir da data da última menstruação, calculando-se a partir do ultrassom gestacional e calculando-se por métodos que avaliam características físicas do bebê, após o seu nascimento. Hoje, no Brasil, praticamente 1 em cada 10 nascimentos correspondem a bebês prematuros. Este número, que já é assustador, tende a aumentar, sobretudo pela incidência cada vez maior de partos cesareanas, que, por erro de cálculo ou impaciência, trazem ao mundo os chamados prematuros tardios, aqueles com idade gestacional de 35, 36 semanas. Estes bebês prematuros tardios, ainda não estão em plenas condições de viver fora da barriga da mãe, e, por vezes, necessitam de cuidados especiais e internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Quando lidamos com um bebê prematuro, o nosso principal objetivo é permitir que ele se desenvolva da melhor maneira possível, e que tenha o mínimo de sequelas. Adequar o ritmo de crescimento do prematuro fora da barriga da mãe (seu “habitat natural”) é algo muito difícil e ainda hoje é um desafio aos pediatras. O ganho de peso e desenvolvimento do bebê, invariavelmente será melhor e mais rápido se ele permanecer na barriga de sua mãe. O bebê prematuro tem deficiência no desenvolvimento de vários órgãos do corpo. O cérebro é frágil, sujeito a hemorragias, alterações cognitivas e até a paralisia cerebral. Os pulmões são pequenos e pouco desenvolvidos, falta uma substância fundamental às trocas gasosas, o surfactante, que muitas vezes precisa ser administrado de maneira artificial ao bebê, apos o nascimento. Dependendo do grau de desenvolvimento dos pulmões ele pode precisar de ventiladores artificiais, de oxigênio suplementar, que podem, a longo prazo, causar lesões inflamatórias nos pulmões. O trato gastrointestinal por vezes não tolera uma alimentação suficiente para nutrir o bebê e fazê-lo engordar, fazendo com que ele perca peso nas primeiras semanas de vida. A pele é frágil e o sistema imunológico incompleto, o bebê é susceptível a várias infecções durante a internação. É importante saber que essas alterações, que ocorrem com mais frequencia nos prematuros muito pequenos, podem ocorrer também nos prematuros tardios. Esses bebês têm aparência de termo, mas o organismo ainda é imaturo. Por tudo isso devemos evitar ao máximo nascimento de bebês prematuros. Recentemente, o Colégio Americano de Obstetras divulgou que estudos mostraram que os bebês nascidos entre 37 e 39 semanas de gestação, apesar de serem considerados de termo, têm uma alta incidência de complicações semelhantes a bebês prematuros. A partir disso, eles passaram a orientar Obstetras e Mães que não indiquem o parto antes de 39 semanas de gestação (seja por meio de cirurgia cesareana ou por estimulação artificial (com drogas) do parto vaginal).
Bom, o resumo disso tudo é que devemos nos esforçar para evitar ao máximo o parto antes de 39 semanas de idade gestacional, sobretudo o parto prematuro (antes de 37 semanas). Para o cálculo da idade gestacional é importante que a mãe saiba exatamente a data da última menstruação, ou que o primeiro ultrassom seja realizado o mais precocemente possível (quanto antes fizer o ultrassom, mais confiável ele é para o cálculo da idade gestacional).
Hoje, dia 17 de novembro, é o dia Mundial da Prematuridade, uma data para lembrarmos o árduo trabalho dos profissionais que lidam com esse paciente; para exaltarmos a garra e determinação de nossos pacientinhos prematuros e de seus pais, que passam semanas, até meses, ajudando a cuidá-los dentro de uma incubadora em uma UTI Neonatal; e para pensarmos no quão importante é um pré natal bem feito, que vise evitar ao máximo o nascimento de bebês prematuros.